Estaria fora de suas faculdades mentais aquele que sequer
cogitasse ser a infelicidade o oposto direto da felicidade. Se felicidade é
momento, infelicidade é compreensão; se felicidade se dá em frações de
segundos, infeliz é aquele que consegue alcançar o entendimento sobre o que se
passou. In-felicidade é colocar-se dentro da tal felicidade, conseguindo, até,
ampliar suas possibilidades. O serfeliz é, em alguma definição bastante
reduzida, emoção; enquanto o serin-feliz seria a própria racionalização. A
in-felicidade não acarreta em tristeza: que banalidade absurda considerar-se o
ser in-feliz enquanto alguém triste. Nem mesmo o des-feliz: somente por ser
desprovido de felicidade isto não implica em ser triste. É preciso que se pare
de pensar as sensações enquanto oposições. São mais como complementações:
fragmentos e todos ao mesmo tempo. Somente é feliz aquele que consegue ser
in-feliz: de que adianta, pois, gozar de momentos mágicos se não se consegue
senti-los de fato? Para se sentir é preciso que se saiba sentindo, senão, qual
o sentido?
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