sábado, 7 de novembro de 2015


deixar que as palavras sejam:
são corpos insones de outros corpos
arestas em vértice: pulsam e pululam
palavra é gesto em carne viva
escapando por todos os poros
perpassando a carne abrupta
dançando pelo espaço que lhes cabe
IRRADIANDO
são corpos por outros corpos
passionais – as palavras reverberam
entoam cantos lentos como quem, a
machadadas, sufoca:
manchadas de juntas, as palavras
se são exatamente por ainda não terem
sido
manifestam-se como quem pede perdão
são poesias agudas
que se sofrem ao nascer
deixar que as palavras sejam pelo
espaço que lhes cabe
intensa relação com o meio
o gesto lhes dá forma ao mesmo tempo
que são elas o próprio gesto
corpo de outros corpos
matéria corpórea do próprio corpo
extensões do ser
que ainda não se é
sustentáculo vicioso -  o abismo se
achega como quem não poderia deixar
de se achegar
palavrar é a própria existência das
palavras --- mergulho sem volta
inexatidão de se refletir em qualquer
espelho.
palavra é ato é escrita é gesto
é poesia


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