segunda-feira, 22 de julho de 2013


Demoraria séculos até perder-se em si desejos incomensuráveis de satisfazer coisa qualquer sem nome sem cara sem nada dentro do peito esparso. Viraria três luas ao contrário e rezaria superfícies cravadas de gelo: era, sem hesitar, palavra que jorrava lancinantes unhas quebradas e dedos esfolados de asfalto. Colocava a cabeça para fora de todas as janelas, e os ventos todos cortavam-lhe os olhos: era paisagem turva na beira de abismo incolor, e desejaria três, quatro, cinco vezes o transbordar atordoante que não viria. E esperava, porque esperar sempre lhe trouxe mistérios e planetas -mesmo que ilhas desertas.

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