segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

varre as calhas das janelas - tortura explicita é afeto que se malogra no atordoante desmembrar: veria as fomes absurdas em noites em que a lua cresce por debaixo do teto. o resquício da válvula quebrada menospreza favores: em qual esquina o gesto todo virou avesso? amordaça o calo que inquieta os tratores: tinha vinte, quatro, dezesseis mil flores pra plantar antes do meio-dia nauseante. acontece que os porens viraram esquina e o afago multiplicou os fios. graças aos céus teus cabelos não despenteiam! 
(mão gelada, ouvido em riste - teme o ardor com que os olhos
chegam     fraca e fulgurante esse sabor de coisa
oca debaixo do nariz)
(((deixar atordoar os sentidos quem menospreza os espaços)))
e fazer varar a noite como quem pode virar lobisomem
adiante tem um filtro de lama e barro  - vivificado como quem
consente
e cose os traços lentos desse escoar 
murmurado
- faz os ritos como quem desacelera - 
engessa a cara e vaga até o sol virar maio estampado no
fundo da garganta


teu batimento é veloz
(antecede o esquecimento: vem vem vai
e c o n g e s t iona o torpor afável do quase-frio de dezembro)


ao tardar dos fins a conjectura movimenta grotescos ondulantes: deixa crescer no centro da cabeça a espiadela mais enfadonha: ao cruzar dos vagalumes teus sinais estarão estáveis: o verão arrebata o cansaço dos braços e faz gesto de amor virar profundeza
trinta e cinco borboletas pra cada mordida - um dia o que queima vira chão… e corrói. 

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